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sexta-feira, maio 20, 2011

MUNDO/FMI [In:] Dançou, Strauss !!!

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Escândalos do poder

Autor(es): Jorge Fontoura
Correio Braziliense - 20/05/2011
Professor e advogado




Nem Simenon nem Forsyth. A Europa iniciou a semana aturdida pela vida que imita e até supera a mais absurda ficção. No que era para ser um fim de semana modorrento em Manhattan, do outro lado do Atlântico, uma ocorrência de possível crime sexual pôs em cheque o velho continente e gerou perplexidade e indignação irrestritas. Tratou-se da prisão do francês Dominique Srauss Kahn, o superdiretor do FMI, um dos 10 homens mais poderosos do mundo, literalmente flagrado com as calças na mão.

Seria cômico se não fosse trágico. Como em um pavio mediático que correu o mundo, desde logo se soube dos aspectos insólitos do episódio, com graves desdobramentos na governança europeia, já afogada pela crise de sua moeda, pela falência de alguns de seus países e pela mediocridade de sua classe política. Em poucas horas, a sucessão presidencial na França foi abalada, no impacto das imagens que dispensavam legenda: o ex-todo-poderoso Strauss Kahn, barbado, amassado e algemado, transfigurado em cadáver político, a simbolizar o colapso da esquerda francesa e do prestígio europeu.

Alguns aspectos curiosos têm permeado o noticiário sobre os desdobramentos do caso. Primeiro, a vulnerabilidade das pessoas famosas, vítimas do próprio poder, ainda que em situações limite como as que se verificaram. Abstraída a questão da culpa do acusado, que será dilucidada pelos meios de prova disponíveis, o fato já produziu consequências vitais para o futuro imediato de todo um continente.

De fato, pulverizou-se a pretensão presidencial do candidato preferido do eleitorado francês, já cansado de Sarkozy e de sua profusão de luzes. Depois, comprometeu-se a estabilidade do euro e a reconversão das dívidas de Grécia e Portugal, que aguardavam a atuação pessoal da inusitada personagem presa em Nova York, para reescalonar as dívidas, apaziguar os espíritos, as bolsas e os mercados. Em um par de horas, Strauss Khan migrou das elegantes páginas econômicas e das agendas presidenciais para a crônica policial mais viciosa da mídia mundial.

Sem considerar os imprevisíveis desdobramentos que o caso possa ter, em sistema judicial surrealista, em que a honra tem preço e em que tudo pode ser comprado, desde que em sua devida hora, o caso Strauss Khan põe a descoberto o abismo que separa a cultura europeia da cultura norte-americana. Nessa, se é culpado até prova em contrário, sem presunção da inocência e sem respeito à dignidade e à decência a que todos têm direito. Naquela, pessoas poderosas podem quase tudo, beneficiadas pela complacência das instituições e pelos favores da lei.

Sobre o imbróglio, o mítico ex-ministro da Justiça de Mitterrand, Jacques Lang, pronunciou-se sem meias palavras: “A Justiça americana se burla completamente da presunção de inocência”. E a juíza americana do caso, Melissa Jackson, ao decidir pela manutenção da prisão provisória, nem com fiança de milhão de dólares, também não escolheu as palavras: “Fica preso porque pode fugir, depois vemos o resto”.

A considerar os dois modelos em perspectiva, fica claro que os erros estão nos excessos, tanto no rigorismo da lógica dos dólares, como no moralismo versátil e de dupla moralidade em euros, a depender da ideologia ou da classe social dos implicados. Resta agora restituir a funcionalidade do FMI e encontrar rapidamente um sucessor. Aqui, ainda, surgem vozes a afiançar a teoria do complô, que explicaria o inusitado do caso, pelos múltiplos interesses em jogo: os americanos dominam o Banco Mundial, os europeus dominavam o FMI. Agora, abre-se espaço para os emergentes, dentre os quais se elencam as postulações da China e do Brasil.

Por certo, o acirramento do conflito cultural entre Estados Unidos e França ganha com o episódio contornos extraordinários. Em particular, em nichos mais intelectuais da esquerda socialista, que veem seu candidato líder na corrida presidencial ser massacrado em um enredo abominável. Logo na semana de lançamento do filme de Woody Allen Meia-noite em Paris, verdadeira ode de paixão americana pela Cidade Luz. Nada que resista a um pesadelo em Nova York.

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