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quinta-feira, maio 16, 2013

MP 595. UMA BASE SEM FUNDAÇÃO

16/05/2013
PMDB votou em massa com líder do partido


Por Caio Junqueira | De Brasília

O resultado da principal votação da Medida provisória (MP) dos Portos que confrontou anteontem o Palácio do Planalto com seu principal aliado, o PMDB, é um retrato do momento que vive cada partido dentro da aliança, com seus conflitos internos, posturas diversas e traições.

Os partidos mais fiéis ao governo e que, portanto, votaram contra a emenda do líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), foram PCdoB e PT. Todos os seus integrantes presentes na sessão rejeitaram a emenda de Cunha.


Chamou a atenção, porém, a ausência de quatro petistas. Dentre eles, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (RS), que está em viagem oficial a Nova York, nos Estados Unidos. Com ele viajaram Jorge Bittar (RJ) e Francisco Chagas (SP). Outra ausência petista foi Odair Cunha (MG) que foi a um velório em Minas Gerais, mas depois retornou.


Já o PMDB votou em massa com Cunha. Apenas cinco dos 69 presentes (7,2%) o traíram. Luiz Pitiman (DF) e Marcelo Almeida (PR) se abstiveram, enquanto Osmar Serraglio (PR), Rose de Freitas (ES) e Wilson Filho (PB) votaram com o governo.


Um dos maiores apoiadores do PMDB naquela votação foi o PP, que nos últimos dias demonstrou insatisfações por não ter reconhecida sua pretensão de ocupar uma diretoria na Petrobras. Dos 32 deputados que participaram da votação, só sete votaram com o governo e um se absteve. O restante (75%) apoiou Eduardo Cunha.

A divisão na bancada do PP reflete o jogo de forças interno que ela vive. 

Os que votaram com o governo são do grupo minoritário que é contrário ao grupo do líder da bancada, Arthur Lira (AL), ligado ao do ministro das Cidades, Agnaldo Ribeiro (PP). Lideram essa oposição interna o ex-ministro das Cidades, deputado Mário Negromonte (BA), e os deputados João Leão (BA), Luiz Fernando Faria (MG) e José Otávio Germano (RS).

Outra bancada que demonstrou a divisão interna na votação foi a do PR, cujo líder, Anthony Garotinho (RJ), foi protagonista de um duro embate com Cunha na semana passada a respeito da emenda. Ele acusou o pemedebista de fazer negócios escusos para aprová-la. 

Na votação de anteontem, 18 parlamentares (69,2%) seguiram a orientação de Garotinho para derrubar a emenda, conforme orientação governista. Por outro lado, oito votaram a favor dela (30,7%) e, portanto, contra o governo. Trata-se justamente do grupo que foi derrotado por Garotinho na eleição pela liderança e que agora articula a sua queda por não concordar com suas declarações. Esse grupo é liderado pelos deputados Bernardo Santana (MG) e Giacobo (PR).

O PSB do governador de Pernambuco e presidenciável Eduardo Campos desde o início atuou com Cunha porque tinha o interesse em permitir que os Estados mantivessem poder de licitar as áreas dos seus portos. Uma reivindicação explícita de Campos em alusão a Suape, uma das vitrines de seu governo. 

Ainda assim, houve traições. Dos 24 parlamentares da legenda presentes, um se absteve - Júlio Delgado (MG) - e seis (25%) votaram contra a emenda. Três deles são do Ceará, Estado de Cid Gomes (PSB), adversário interno de Campos e contrário à sua candidatura presidencial.

Na oposição, chama a atenção a postura de alguns deputados. Apesar da declarada obstrução do DEM, sete dos 16 deputados (43,7%) votaram com o governo e três a favor do PMDB (18,7%). Assim, apenas a minoria seguiu a orientação do líder, Ronaldo Caiado (GO), de obstruir a sessão: seis deputados (37,5%). No PSDB foi o contrário: 23 dos 27 deputados (85,1%) obstruíram conforme determinou o líder, Carlos Sampaio (SP). Mas houve defecções: Alfredo Kaefer (PR) votou com o PMDB, e Emanuel Fernandes (SP), Plínio Valério (AM) e Walter Feldmann (SP) com o governo.

No PDT, a orientação foi votar com o governo nesta emenda. Apenas três (12,5%) foram desobedientes: João Dado (SP), Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força Sindical, e Paulo Rubem Santiago (PE). Ou seja, apesar de todo o barulho promovido por Paulinho, com ameaças constantes de greve, não houve respaldo interno às suas reivindicações.
A avaliação da votação demonstrou ainda que não foi suficiente para o PSD a entrada no governo de Guilherme Afif Domingos na Secretaria de Micro e Pequena Empresa. O líder da bancada, Eduardo Sciarra (PR), orientou o voto a favor da emenda de Cunha e conseguiu que 22 dos 36 presentes (61,1%) votassem conforme sua orientação. Entretanto, outros 13 (36,1%) votaram com o governo.

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