PENSAR "GRANDE":

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“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.

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"O Economista não pode saber tudo. Mas também não pode excluir nada" (J.K.Galbraith, 1987).

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segunda-feira, junho 14, 2010

ELEIÇÕES 2O1O [In:] AO SOM DAS '' VUVUZELAS''...

Brasil

Empatados:
Um junho como nunca se viu

A pouco mais de 100 dias da eleição, José Serra e Dilma Rousseff estão em equilíbrio absoluto nas pesquisas. É a primeira vez que se vê no Brasil uma disputa tão renhida. Com a ajuda dos principais especialistas em pesquisas eleitorais do país, VEJA mostra o que pode ser determinante para decidi-la


Fábio Portela
Fotos Fernando Donasci/Folha Imagem e Sergio Lima/Folha Press
JOSÉ SERRA
Para o PSDB, a melhor fase da candidatura tucana ainda está por vir: o início das sabatinas e dos debates favorecerá Serra, acredita o partido
DILMA ROUSSEFF
Bons números na economia e ofator Lula
reforçam a crença da petista e de seu partido
no voto pela continuidade


José Serra e Dilma Rousseff protagonizam hoje a campanha presidencial mais apertada que o Brasil já viu. A pouco mais de três meses do dia da eleição, o tucano e a petista estão rigorosamente empatados nas disputas de intenção de voto. Cada um conta com 37% da preferência dos brasileiros, segundo o Ibope e o Datafolha. Esse quadro de equilíbrio entre os dois candidatos principais no mês de junho é uma tremenda novidade na política nacional. Em quatro das últimas cinco disputas presidenciais, o nome que saiu vitorioso ao final do pleito foi o que liderava as pesquisas neste período do ano. A única exceção se deu em 1994. Naquela eleição, Fernando Henrique Cardoso estava atrás de Lula em junho, mas chegou à frente em outubro. A disputa, no entanto, teve um fato atípico, além de histórico: o Plano Real, um tiro fatal contra a hiperinflação que atraiu milhões de votos para o tucano. Mesmo assim, FHC já apresentava uma curva ascendente em junho, indicador de que sua candidatura logo chegaria à liderança. Desta vez, contudo, os índices estão parados, o que faz da evolução do quadro eleitoral um enigma até o momento. VEJA analisou, com a ajuda de quatro especialistas em pesquisas, os cinco últimos pleitos para presidente da República (veja o quadro sobre os mitos e as verdades das campanhas abaixo). Com base nessa análise, é possível afirmar apenas que, a se repetir a dinâmica registrada em todas as disputas anteriores, os próximos dois meses serão decisivos para o resultado da eleição. Se um dos favoritos tomar a dianteira até julho, e conseguir mantê-la em agosto, suas chances de vitória serão altíssimas. Não há um único caso na história recente do Brasil de uma virada conquistada depois do mês de agosto, quando começa o horário eleitoral gratuito.

Na semana passada, as principais candidaturas oficializaram sua entrada na campanha. José Serra chega a esse período crucial com pelo menos dois bons motivos para se preocupar e outros tantos para se sentir aliviado. O assunto mais incômodo para o tucano é a (in) definição do nome de seu companheiro de chapa. Depois que Aécio Neves desistiu de vez de ocupar o posto, o PSDB deparou com a falta de um nome consensual – e chegou à sua convenção com a chapa incompleta. O crescimento de Dilma nas pesquisas também ocorreu num ritmo mais rápido do que esperavam os tucanos. Nas previsões do PSDB, o empate entre os candidatos se daria apenas no início de agosto. Mas as pesquisas também revelam dados animadores para Serra. O primeiro é que, desde dezembro, ele se mantém na faixa de 40 pontos porcentuais, com pouquíssima oscilação. Isso significa que não perdeu eleitores para Dilma: a petista cresceu sobre outras faixas do eleitorado. Outro dado animador para o PSDB é que a maioria dos eleitores que pretendem votar no tucano diz que o conhece bem. Isso reduz o risco de que eles troquem de candidato até a eleição. Serra, portanto, está firmemente assentado sobre uma montanha de 49 milhões de votos – um capital eleitoral que, creem os tucanos, vai crescer agora, com o início dos debates, sabatinas e aparições em programas de TV. "É a fase de comparar os candidatos, um terreno em que levamos larga vantagem", diz Sérgio Guerra, presidente do PSDB. "Tanto assim que o PT já começou a esconder a Dilma, que cancelou a participação em vários debates."

O fato de ter conseguido chegar em junho cabeça a cabeça com o rival tucano aumentou a confiança da candidata do PT. Ela estaria mais satisfeita, porém, se não tivesse tido de gastar as

últimas semanas empenhando-se em contornar as lambanças de sua equipe, parte da qual foi abatida em pleno voo de araponga enquanto preparava mais um "dossiê" contra os tucanos (veja a reportagem). A animar a tropa petista, porém, estão números que, na interpretação do partido, mostram que há um quinhão do eleitorado pronto para ser abocanhado por Dilma. Segundo o Datafolha, 11% dos eleitores brasileiros estão dispostos a votar no candidato do presidente Lula, mas ainda não sabem que esse candidato é Dilma. Se conquistar esse grupo nas próximas semanas, ela poderá alcançar a liderança isolada. "As pesquisas são favoráveis, e o crescimento do PIB a 9% reforça a tendência do voto pela continuidade", diz o presidente do PT, José Eduardo Dutra.
Dona de 9% a 12% das intenções de voto, a candidata do PV, Marina Silva, dá a largada oficial num patamar aquém do almejado por sua campanha. O PV acha difícil que ela alcance os esperados 15 pontos até agosto. Para crescer nas pesquisas, Marina tentará despregar seu nome do "rótulo verde", visto como limitante, e enfatizar a imagem de uma candidata negra e preocupada com os grandes temas da atualidade, como educação e políticas sociais. Mas seus meios são parcos para conseguir romper a polarização entre PT e PSDB. Num cenário em que Serra e Dilma passam para o segundo turno, assessores próximos de Marina consideram improvável que ela se posicione ao lado de Dilma. Os motivos seriam as desavenças que datam do período em que ambas eram ministras e as críticas abertas que a candidata do PV fará ao governo Lula – em relação à distribuição de cargos a aliados, por exemplo, e à condução da política externa, incluindo a aproximação do Brasil com Cuba, Venezuela e Irã. O não alinhamento com a candidatura Dilma, porém, está longe de significar suporte automático aos tucanos. O PSDB pretende, é claro, cortejar Marina, mas tem a esperança de independer da sua adesão explícita. Como um quarto dos 13 milhões de votos que Marina teria hoje provém de São Paulo, estado com forte tradição antipetista, os tucanos acreditam que, num segundo turno, poderá haver uma migração expressiva desse total para Serra. Se assim for, em meio a dois pesos-pesadíssimos, a pequena senadora do PV deve se converter na pluma que faltava para pender a balança para um dos lados.


O que as campanhas passadas ensinam

Com a ajuda de quatro dos maiores especialistas em pesquisas eleitorais no país – Mauro Paulino, do Datafolha, Márcia Cavallari, do Ibope, Antonio Prado Junior, da APPM, e Gaudêncio Torquato, da GT Marketing –, VEJA analisou as pesquisas e os resultados das cinco últimas disputas eleitorais para presidente da República no Brasil. Dessa análise, emergiram cinco verdades e seis mitos sobre as campanhas.

1 — Debates na TV influem no resultado de uma eleição

Antonio Ribeiro

VERDADE Os marqueteiros costumam dizer que, se um candidato vai bem num debate, não ganha votos, mas, se vai mal, pode perder milhões de eleitores. Em 1989, Lula crescia nas pesquisas na reta final do segundo turno, e ameaçava tomar a liderança de Fernando Collor. No último debate da disputa, o petista teve o seu pior desempenho. Estava nervoso e passou todo o programa na defensiva. Com isso, teve um sangramento de milhões de votos – e se viu derrotado. Em 2006, foi Geraldo Alckmin quem se deu mal. Durante toda a campanha, o tucano havia mantido um discurso sereno e conciliador. No primeiro debate do segundo turno, adotou um tom raivoso e agressivo. Os eleitores não gostaram de seu comportamento. Esse foi um dos fatores que levaram Alckmin a ter menos votos no segundo turno do que no primeiro. Numa eleição apertada como deve ser a deste ano, o enfrentamento dos candidatos na TV será ainda mais crucial.


2 — Ter palanques nos estados é fundamental para a vitória do candidato

MITO Ter bons palanques estaduais ajuda, mas não é determinante para um candidato à Presidência vencer a eleição. Por exemplo: em 1998, FHC se reelegeu presidente e sua coligação fez dezesseis governadores, um número altíssimo. Na eleição seguinte, vencida por Lula, a coligação do petista elegeu apenas três governadores. O brasileiro médio não enfrenta nenhum constrangimento de votar em políticos de partidos diferentes, numa mesma eleição majoritária, como demonstrou o quadro em Minas, em 2002 e 2006. Muitos optaram pelo voto "lulécio", ou seja: Lula para presidente; Aécio para governador. Voto casado não é regra no Brasil.


3 — Os indecisos podem definir uma eleição na reta final

MITO Até agora, isso não ocorreu. Os votos dos indecisos tendem a se diluir entre os candidatos, seguindo a proporção porcentual que estes ostentam nas pesquisas. A história de que os indecisos optam por quem está na frente, para "valorizar" o seu voto, não se confirma nas pesquisas


4 — A Copa do Mundo interfere na eleição

Dida Sampaio/AE

MITO Vitórias ou derrotas da seleção brasileira não mudam o voto de ninguém, como demonstram as quatro eleições presidenciais que coincidiram com a Copa.

5 — O candidato a vice puxa votos

Ed Ferreira/AE

MITO Em nenhuma das eleições presidenciais realizadas desde 1989 o anúncio dos vices alterou a intenção de voto dos eleitores. A escolha do companheiro de chapa pode favorecer o candidato na medida em que produz um fato positivo para a campanha, como ocorreu quando Lula anunciou o nome de José Alencar como vice, em 2002. A figura do empresário Alencar trouxe uma imagem de maior equilíbrio para a chapa – mas, segundo os pesquisadores, não amealhou nenhum voto a mais para o petista.


6 — A economia interfere no resultado eleitoral

Claudio Versiani
VERDADE A situação econômica do país tem um forte peso na hora de o eleitor decidir seu voto. A prova mais clara disso se deu em 1994 – a única eleição que registra uma virada depois do início do mês de junho. A maioria da população estava disposta a votar em Lula, mas o sucesso do Plano Real, lançado por Fernando Henrique Cardoso, ainda no cargo de ministro da Fazenda, alterou o quadro eleitoral. O fim da hiperinflação deu a FHC uma vitória tranquila já no primeiro turno.

7 — As pessoas começam a pensar em eleição "só quando muda o horário da novela". Ou seja, quando tem início o horário eleitoral gratuito

MITO Nesse período, o que ocorre é a consolidação dos votos. Mas o processo de tomada de decisão começa bem antes, desde o primeiro semestre, com as informações que o eleitor vai recebendo a respeito dos candidatos, por diversas fontes e às vezes sem nem mesmo perceber. É por isso que se diz que junho e julho são meses decisivos. Isso só vale para as eleições para presidente. Naquelas para governador e prefeito, há diversos casos de viradas espetaculares atribuídas ao sucesso da estratégia de comunicação das campanhas. Neste ano, porém, há que considerar que, como a disputa entre PT e PSDB está mais acirrada, o horário político e as inserções publicitárias a que os candidatos têm direito no rádio e na TV poderão ter um papel de maior relevância na conquista dos eleitores cujo voto ainda não está cristalizado.


8 — Um deslize pode pôr tudo a perder – ou quase

Ed Ferreira/AE

VERDADE Ciro Gomes, em 2002, protagonizou um dos episódios mais marcantes de candidato que sabotou a própria candidatura por causa de um deslize, no caso dele, verbal. O cearense aparecia bem nas pesquisas. Em agosto, havia chegado ao segundo posto, com 27% das intenções de voto. A queda livre de Ciro teve início quando sua arrogância veio à tona. Em entrevista a uma rádio, Ciro chamou um eleitor de "burro". Dias depois, ao ser indagado sobre qual a função de sua mulher, a atriz Patrícia Pillar, na campanha, respondeu que era a de "dormir com o candidato". As duas bobagens fizeram com que ele amargasse o quarto lugar nas eleições, com 11% dos votos. Em 2006, Lula poderia ter vencido a eleição no primeiro turno, mas a descoberta de que a sua equipe de campanha havia pago 1,7 milhão de reais para comprar um dossiê fajuto contra políticos tucanos engrossou os índices de votação do adversário Geraldo Alckmin. A disputa acabou indo para o segundo turno.


9 — Ter mais tempo de TV do que os rivais é essencial para a vitória

MITO O tempo de exposição de cada candidato no horário eleitoral gratuito é importante, mas não garante a vitória. Em 1989, por exemplo, o candidato com maior tempo de TV era Ulysses Guimarães, do PMDB. Ele tinha 22 minutos por dia, contra dez minutos de Lula, Collor e Brizola. Mesmo assim, ficou na sétima colocação. Em 2002, Anthony Garotinho, do PSB, tinha apenas dois minutos e treze segundos de tempo no ar. Apesar disso, ficou em terceiro lugar, com 18% dos votos – à frente de Ciro Gomes, que dispunha do dobro de seu tempo. Lula venceu em 2002 e 2006 com menos espaço na TV do que seus adversários do PSDB. Mais estratégico do que ter tempo é saber usá-lo bem.

10 — Taxa de rejeição acima de 35% inviabiliza um candidato

VERDADE Essa taxa costuma ser variável, já que um candidato pode entrar na disputa com uma rejeição altíssima e, com o tempo, ir cativando os eleitores. Mas, segundo especialistas, 35% de rejeição parece ser o teto para que um nome se mantenha no páreo. As eleições brasileiras trazem diversos exemplos disso: em 1989, Ulysses Guimarães, com 38% de rejeição, virou um candidato nanico. Em 1994, Lula e Brizola, com 40% e 42%, perderam para FHC no primeiro turno.


11 — Quem ganha em Minas ganha a eleição

VERDADE Ou, pelo menos, foi o que ocorreu até hoje. Desde 1989, o resultado da eleição em Minas Gerais é muito parecido com o resultado nacional. Acredita-se que isso ocorra porque o estado se localiza no centro do Brasil, na Região Sudeste, entre o Nordeste e o Centro-Oeste. Assim, refletiria mais a diversidade do país do que os outros estados. A diferença entre o resultado nacional e o estadual é, em média, de apenas 5,5 pontos porcentuais.

Com reportagem de Otávio Cabral, Ronaldo Soares, Gabriele jimenez e Marina Yamaoka

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VEJA.

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