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terça-feira, fevereiro 26, 2013

"ESSE CÂMBIO, POBRE CÂMBIO/ AH! SE SOUBESSE DO QUE EU SEI...'' *



'Alta da Selic não garante câmbio valorizado'



Autor(es): Por José de Castro | De São Paulo
Valor Econômico - 26/02/2013

Não é certo que um eventual aumento da Selic neste ano, talvez até na próxima reunião do Copom, em março, exercerá pressão de queda sobre o dólar, diz Ilan Solot, estrategista de câmbio para mercados emergentes do banco americano Brown Brothers Harriman, com atuação em consultoria de fusões e aquisições e gestão de recursos.
Na opinião Solot, os recentes comentários do presidente do Banco Central do Brasil, Alexandre Tombini, sobre câmbio, inflação e juros, na verdade reforçam discursos anteriores e não exatamente sinalizam uma mudança de mão na condução da política monetária.
A seguir, os principais trechos da entrevista.
Valor: Que leitura se pode fazer dos comentários mais recentes do presidente do BC sobre câmbio, inflação e juros?
Ilan Solot: Para mim, as declarações foram mais uma confirmação de que houve, sim, uma mudança na visão da política econômica, que parece agora ir mais na linha das metas do Banco Central, ou seja, controle da inflação, e não exatamente uma sinalização clara de alta da Selic nos próximos meses. Mas entendo a interpretação de alguns players de que pode haver uma alta do juro já na reunião de março. Para mim, ainda está cedo, mas sem dúvida aumentou a chance de uma elevação no próximo mês. Mas acho que seria mais coerente uma mudança no comunicado pós-decisão do Copom, antes de um aumento efetivo do juro, para depois começar a subir a taxa, provavelmente com uma elevação de 0,50 ponto (percentual) de cara.
Valor: Qual o efeito no câmbio de uma alta da Selic neste momento?
Solot: Seria modesto. Houve um divórcio entre fundamentos e taxa de câmbio no Brasil há algum tempo. Teoricamente, um aumento da Selic poderia derrubar o dólar abaixo de R$ 1,95. Mas, na prática, não é mais assim. O pessoal está operando os sinais do BC sobre pisos e tetos. Na minha leitura, pode haver uma concessão da taxa de juros, que pode subir e ir na contramão do que o [ministro da Fazenda, Guido] Mantega aparentemente quer. E essa concessão pode acontecer por causa da inflação. Mas acho que seria um pouco demais subir juro e, junto a isso, deixar o câmbio se apreciar. Seria contrariar demais uma ala do governo, a indústria. Mas há um risco, sim, de o mercado entender a alta do juro como uma sinalização de que pode vir mais apreciação cambial à frente. Tendo a achar que são coisas separadas, porque a questão do crescimento ainda pesa bastante.
Valor: O que esperar para o dólar nos próximos meses?
Solot: A taxa de câmbio vai continuar mais ou menos nesses níveis, entre R$ 1,95 e R$ 2,00, talvez R$ 2,02. Minha impressão é que o governo vai mexer com uma variável de cada vez. Ou seja, se de fato houver um aumento da Selic, eles não devem deixar o real se valorizar muito. Mas se mesmo com a alta do juro as expectativas de inflação não melhorarem, aí talvez a gente tenha de volta um cenário de apreciação cambial.
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(*) A parafrasear Lupicínio Rodrigues (Esses moços).
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